FELICIDADE

Durante muito tempo o meu ideal de felicidade consistia em viagens, amigos, um marido, muitos filhos e dinheiro vindo de música. Hoje eu me contentaria com os filhos, os amigos e um emprego como professora. Cresci muito, eu sinto! Me encanta, agora, a possibilidade de contribuir para a formação de pessoas íntegras e acima de tudo, felizes. Sei que posso estar sonhando além da conta, mas quero ser responsável por melhorias, ainda que mínimas, na estrutura do meu país. Não é distribuindo sopa para um quinto dos miseráveis que devemos anestesiar a dor da fome, mas incentivando à educação, que ocasionará as mudanças de que tanto necessitamos. Recebi, inicialmente, intensas críticas de meu pai à minha escolha profissional. Pensei em desistir, não nego! Mas, contando com o apoio de minha mãe, tenho seguido em frente. Não tiro a razão de meu pai, pois conheço a veracidade de todos os seus receios. Além da subvalorização dos educadores, de modo geral, há ainda uma gigantesca ferida de cunho impreciso a ser curada. Quantos relatos de violência de alunos contra professores já não ouvimos? "Antigamente, a professora tinha moral, tinha o direito até de dar palmadas e beliscões nos alunos... Mas, e hoje em dia? Vai ser professora, vai... Pra acabar apanhando na cara e saindo de culpada no fim da história, ainda por cima!" Papai me alertou. Sinceramente, não temo. Acredito em mim mesma, quero trabalhar, tenho boa vontade e bom coração... Isso basta, não basta? Nas salas de aula, eu quero mais que simples aprendizes, quero mais ainda que discípulos... Quero filhos! O maior tempero do pouco conhecimento que tenho a passar é o amor, e, por esta razão, acabarei por sentir-me um tanto mãe de cada um dos meus alunos. To be continued**