Hoje foi um dia muito difícil para o meu coração de professora, filha, mãe e mulher.
Acho, honesta e sinceramente, um completo absurdo que, em pleno século XXI, os pais ainda batam nos seus filhos como punição por notas baixas na escola.
Uma de minhas alunas, enquanto eu aplicava a Avaliação da Unidade numa turma do 4º ano, de repente começou a chorar desesperada no cantinho da sala de aula, e eu fui até ela para entender o que estava acontecendo. Inocentemente, achei que ela poderia estar se sentindo mal ou doente, algo assim... Mas NÃO!
Mandei chamar a pessoa que coordena a escola e partimos para uma conversa em particular com a menina. Ela não sabia a resposta de uma questão e contou-nos com riqueza de detalhes, entre lágrimas, que a mãe lhe dá surras sempre que encontra questões abertas em branco ou questões de múltipla escolha incorretas, quando as provas vão para casa.
Contou-nos, também, que o pai, sempre que bebe, fica agressivo e acaba batendo nela, com a conivência da mãe.
Esta mãe, por sua vez, foi chamada recentemente para uma conversa com uma das professoras, segundo o que eu pude apurar de informação, pela razão de a aluna estar sempre nervosa e não conseguir responder normalmente a nenhum tipo de atividade valendo pontos.
Quando questionada sobre a conduta completamente antipedagógica, a mãe da garota respondeu que pagava aulas de reforço e queria retorno, e que, além disto, a filha era dela.
Em resumo, estamos todos nós, os profissionais que cuidam de uma parte bastante importante da educação daquela criança, de mãos atadas e vendo que tanta violência acaba por surtir o efeito contrário ao desejado pelos pais da menina.
E mais difícil ainda é saber que este NÃO é um caso isolado: já houveram episódios piores do tipo "Corto os dedos dele de faca se ele reprovar".
O ato de educar, quando não for sinônimo de ensinar com amor, na minha humilde opinião, não vale a pena e simplesmente não funciona, porque aprender NÃO combina com apanhar!