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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Aprender NÃO combina com apanhar


Hoje foi um dia muito difícil para o meu coração de professora, filha, mãe e mulher.
Acho, honesta e sinceramente, um completo absurdo que, em pleno século XXI, os pais ainda batam nos seus filhos como punição por notas baixas na escola.
Uma de minhas alunas, enquanto eu aplicava a Avaliação da Unidade numa turma do 4º ano, de repente começou a chorar desesperada no cantinho da sala de aula, e eu fui até ela para entender o que estava acontecendo. Inocentemente, achei que ela poderia estar se sentindo mal ou doente, algo assim... Mas NÃO!
Mandei chamar a pessoa que coordena a escola e partimos para uma conversa em particular com a menina. Ela não sabia a resposta de uma questão e contou-nos com riqueza de detalhes, entre lágrimas, que a mãe lhe dá surras sempre que encontra questões abertas em branco ou questões de múltipla escolha incorretas, quando as provas vão para casa.
Contou-nos, também, que o pai, sempre que bebe, fica agressivo e acaba batendo nela, com a conivência da mãe.
Esta mãe, por sua vez, foi chamada recentemente para uma conversa com uma das professoras, segundo o que eu pude apurar de informação, pela razão de a aluna estar sempre nervosa e não conseguir responder normalmente a nenhum tipo de atividade valendo pontos. 
Quando questionada sobre a conduta completamente antipedagógica, a mãe da garota respondeu que pagava aulas de reforço e queria retorno, e que, além disto, a filha era dela.
Em resumo, estamos todos nós, os profissionais que cuidam de uma parte bastante importante da educação daquela criança, de mãos atadas e vendo que tanta violência acaba por surtir o efeito contrário ao desejado pelos pais da menina.
E mais difícil ainda é saber que este NÃO é um caso isolado: já houveram episódios piores do tipo "Corto os dedos dele de faca se ele reprovar".
O ato de educar, quando não for sinônimo de ensinar com amor, na minha humilde opinião, não vale a pena e simplesmente não funciona, porque aprender NÃO combina com apanhar!

terça-feira, 5 de junho de 2012

O desafio de mediar a leitura

No segundo semestre de 2011, realizei uma formação pela Prefeitura do Recife na área da Mediação de Leitura/Contação de Histórias. Desde então, venho trabalhando e tenho vivenciado experiências que confirmam todos os dados estatísticos sobre o hábito da leitura no país.
Não se faz necessária nenhuma grande dose de esforço para constatar quão restrito é o número de alunos que realmente gostam de ler, e este é um problema que vem da base: grande parte dos pais, principais figuras que servem de espelho para comportamento e hábitos das crianças, não foram apresentados à leitura como forma de prazer, apenas como "mecanismo facilitador social".
Aprender a ler, para muitos, unicamente significa saber o destino de um ônibus, saber o que indica uma placa de trânsito ou o preço de uma mercadoria. No entanto, como educadores, temos a missão de transformar esta visão errônea tão amplamente difundida.
Os livros podem ser - e são - excelentes fontes, não só de conhecimento, mas, de uma diversão sadia, de momentos alegres e grandes descobertas, que engrandecem o indivíduo e preparam-no para a vida. 
Iniciei uma oficina de incentivo à leitura por meio da Contação de Histórias em uma escola da Rede Pública Estadual e tenho enfrentado  imensas dificuldades em fechar as turmas: foram ofertadas 40 vagas e preenchidas apenas 7! 
Não posso deixar de destacar que foram realizadas, antes da abertura de inscrições, duas semanas de divulgação. Mas, infelizmente, estamos lidando com uma geração de estudantes apenas preocupados com as redes sociais e os jogos eletrônicos.
O que me resta é não desistir, é manter a tranquilidade e a alegria, além da paciência, já que estimular nas crianças o gosto pela leitura, nem de longe, será uma tarefa fácil, nem para mim nem para todas as pessoas que assumam a mesma responsabilidade.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Como lidar com um "aluno especial"?


Escrever sobre este assunto é algo bastante importante para mim, é uma questão de honra.
Minha avó conta que, quando estava procurando um colégio para me matricular na antiga 5ª série, atual 6º ano, duas escolas se recusaram a me receber porque eu tenho uma deficiência física. As leis não eram tão rigorosamente cumpridas e os processos judiciais por constrangimento e danos psicológicos não estavam, ainda, tão em evidência como agora.
Na escola que aceitou me receber, fui vítima de bullying (dois colegas me chamavam de "aleijadinha"), mas esta também não era uma situação amplamente discutida e combatida como é hoje. 
Hoje pela manhã, fui dar a primeira aula em uma de minhas turmas e percebi que havia um aluno com algum tipo de problema cognitivo. Durante o meu tempo na classe, entendi que tenho uma criança com a mesma necessidade de atenção especial que eu tive um dia. 
Será uma grande missão a cumprir, é verdade, mas acredito que há um propósito em nosso encontro.
Observando as páginas do Diário do Professor escritas por quem trabalhou naquela turma antes de mim, me senti revoltada ao perceber que este aluno foi descrito como "Aluno que vive uma realidade à parte da turma. Completamente disperso, só atrapalha a aula e os outros colegas.". Nenhuma referência foi feita ao modo como este menino faz parte da realidade, nenhuma referência foi feita à sua necessidade de recursos especiais.
Conversei com os alunos enquanto ele me pediu pra ir ao banheiro: fizemos um acordo para ajudá-lo a copiar as atividades e para impedi-lo de se machucar, guardar na mochila objetos que não são seus ou fazer coisas como lamber as cadeiras, um de seus hábitos que já estou investigando.
Nem os cincos dedos de nossas mãos são iguais, por quê as crianças seriam?
Não há meninos e meninas melhores ou piores, nós somente precisamos enxergar e extrair o melhor que eles têm a oferecer! 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Greve na UFRPE




Decidi fazer as minhas considerações sobre a greve dos professores federais, que começou na Rural na última quinta-feira (17).
Os motivos para a greve existem e não são poucos, embora as opiniões estejam divididas: o corpo docente precisa de mudanças funcionais e financeiras, enquanto os alunos ficam apreensivos temendo um atraso no conteúdo e no tempo geral de curso.
Outra preocupação é a segurança no campus, já que alguns poucos professores, por diversos motivos, não deixaram de comparecer normalmente à universidade. Eu mesma tenho dois professores nesta situação, mas já decidi que vou permanecer em casa até o fim da greve.
Não sou inconsequente nem irresponsável, apenas sei que preço temos pago estudando em uma das áreas mais perigosas do campus/Recife - o Departamento de Agronomia - que foi palco de um estupro no fim período passado, durante uma noite de fluxo normal.
Não tenho absolutamente nada contra a greve dos professores da Rural, desde que o acordo de cumprimento sem atraso da carga horária deste período seja respeitado, como acredito que vai acontecer. E, de mais a mais, uma grevezinha de vez em quando faz bem, para as pessoas acordarem da fantasia de que está tudo bem deste jeito. 

domingo, 20 de maio de 2012

Informativo Extraordinário


Por dó de apagar todas as coisas que escrevi na fase do encerrado "DIVÃ COLORIDO", informo aos futuros leitores que minha proposta mudou: agora quero discutir questões mais ligadas à Educação e poder colaborar com os meus alunos, que, graças a Deus (ou a Deozídio, para ateus, agnósticos e afins), já são muitos.

Um grande abraço,
Prof.ª Luciene Amaral