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quinta-feira, 17 de junho de 2010

INSÔNIA

De repente acordei... Me vi em meio a um misto de tantas coisas... Me sinto ferida, mas sem ter a quem culpar. Talvez seja esta a maior razão de minha dor: Não ter ninguém! Não ter algo que me corroa de uma só vez, mas o vazio que me fagocita aos poucos; Não ter você pra me amar sem medo, mas tua ausência assustadora pra arrancar meu silêncio. Porque o grito não encontra forças pra ocorrer, as palavras se perderam com tua companhia... A cada dia que chega trazido pelo sol, que pra tantos representa novas esperanças, sinto que perdi mais um jogo. A cada nova queda me sinto mais próxima de não mais me reerguer, porque faltam mãos estendidas. Os dias passam e eu me vejo dando passos cada vez mais largos em direção ao fim de tudo... Tenho lido bastante! O frio que está, há dias, consumindo as ruas tão entregues à solidão dessa chuva interminável me fez parar pra pensar um pouco mais em mim, no que conquistei e no que perdi... Pensar demais tem doído! Sei que preciso ir mais além, sei que preciso de muito mais amor, vida e verdades. As verdades têm sido tratadas como veneno por todos os que dizem me amar, mas não canso, apesar das pressões impostas, de buscá-las. Eu tenho pago um preço altíssimo por minha determinação... Me acho mais e mais isolada, ilhada, falando um português que as pessoas se esforçam pra não compreender. Pelo menos é o que tem parecido! Olho a mão esquerda com os olhos marejados... O anel de pedra azul que mamãe me deu comove-me profundamente e faz-me considerar a possibilidade de desistir de mim e dos companheiros que ainda me restam... Não por ser um anel, nem por ser azul, mas por significar seu desespero em salvar-me, do inimigo sempre presente, com todo seu amor e cuidado. Mesmo sabendo que a terei por todos os meus dias em mim e comigo, sei que não posso deixar de lutar pelas coisas em que acredito: as tenho como dever moral! Mesmo entendendo que seus braços estarão sempre abertos à minha espera, sei que há milhares de mães que perderam seus filhos e, por isso, jamais voltarão a abraçá-los. Os perderam para as incontáveis formas de violência às quais estamos expostos, e que poderiam, deveriam ter sido evitadas. Quero, eu mesma, abrir meus braços à humanidade inteira! E mesmo que falte você, meu amor; Mesmo que falte você, minha mãe; Quero sentir que o sol me trouxe esperanças, sentir que tenho, não um jogo, mas, uma felicidade a cantar como vitória... LUCIENE AMARAL 02h06min 17 jun. 10

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