Você é o visitante...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DÍVIDA

[...]
E eu acho que você é a maior dívida da minha vida!
[...]
E eu espero que o dia de pagamento chegue logo...
Porque eu tô cansada... de correr em círculos.
[...]

Uma das Helenas de Manoel Carlos ensinou ao Brasil que era possível, perfeitamente possível, que uma mulher fosse capaz de amar a mais de um homem ao mesmo tempo.
Quando eu era só uma criança e sabia pouco sobre o amor, sorria para a verdade da tal Helena, sem saber direito com o que estava concordando.
Hoje, que já não sou mais tão criança, mas ainda não me sinto Helena, e sei que continuo sabendo pouco sobre o amor porque entendi que nenhum de nós o conhece integralmente, continuo concordando com aquela afirmação tão passível das críticas de nossa sociedade moralista e suja, mas debaixo de lágrimas.
A questão do amor é profunda e complexa demais por natureza... E torna-se ainda mais difícil quando seres como eu a fazem envolver princípios originalmente não tratáveis dentro de sua pauta.
"Eu era tão feliz e não sabia, amor"...
Quando não amei, não sofri. Mas quando me poupei me senti incompleta, vazia...
Amo agora e permaneço vazia, por quê?
Conheço a resposta.
Sem amar, somos vazios porque não temos opção nenhuma de felicidade, por isso nos consideramos fracassados.
Amando, podemos estar vazios e nos sentir fracassados numa intensidade até maior que os que não amam, mas temos ESPERANÇA, e esta nos fortalece e nos cria possibilidades.
SEMPRE me preocupei em ter possibilidades, aliás.
Por cada homem que pude chamar de "meu", ainda que o sentimento de posse não passasse de uma doce ilusão, e por cada homem que sonhei ter, e só sonhei, senti uma espécie de amor diferente...
Achava bom: nunca traí.
Enxergar, encontrar, descobrir peculiaridades em cada castelo construído, embora a base de todos eles fosse comum, ainda que a constituição fosse absurdamente única, ter a sensibilidade de compreender a cada homem como ser singular que, de fato, é, SEMPRE foi para mim uma experiência extremamente interessante...
Toda essa coisa de bom senso, moral, bons costumes e destino eu nunca quis alimentar em mim e nos meus dias: se a loucura me fizesse bem, eu a escolhia; se o destino era trágico, eu o desvirtuava.
Quero ser feliz e não devo absolutamente nada a ninguém.
Se devo... não pagarei!
Primeiro, sinto que preciso cuidar das dívidas que tenho comigo mesma, com os meus sentimentos, vícios e permissividades.
Respeito e adapto-me bem às escolhas dos outros, então, preciso ser respeitada também. Quero ter de novo o prazer de também escolher.
Anteontem, eu testei ser desejada e vi que precisava de mais...
Ontem, assinei um contrato do tipo "Ame e seja amado" e estou tentando cumpri-lo.
Mas hoje... Hoje eu sei que, por mais que pareça doloroso, infame, desumano, o interessante é amar primeiro e amar mais: é mais fácil ter certeza dos próprios sentimentos que do sentimento dos outros, embora os sentimentos tenham uma natureza de difícil explicação e entendimento.
Relações perfeitas não existem! (Ou existem?)
Estou entre o homem dos sonhos e o homem da vida...
Mas sei que nascerá um sonho qualquer dia desses, e receberá o nome de Hinata Layz.
As maiores realizações na vida de uma mulher como eu carregam o peso das dívidas...
Pagarei as minhas, serei feliz.

LUCIENE AMARAL - 19 NOV 10 02h32min.

P.S.  Só você me recebe às duas da manhã como se estas fossem duas da tarde.
Me perdoe, meu amor... Meu amor, minha dívida, minha dádiva, minha eternidade, ainda que a idéia de eternidade seja ilusória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário